segunda-feira, 26 de maio de 2008

Parada Gay em São Paulo no último domingo

Atualmente na 11ª edição, o público estimado da Parada Gay de São Paulo de ontem foi de mais de 4 milhões de pessoas.

Devido ao enorme crescimento do evento - que contava com pouco mais de 30 pessoas há 11 anos, em sua primeira edição -, jornalistas, público gay e simpatizantes da Parada discutem cada vez mais se o evento ainda carrega ainda algum teor político.

Considerada a quantidade de pessoas reunidas, o porte da Parada Gay deste ano pode ser comparada a um carnaval de rua, o que faz com que o número de ocorrências registradas - 149, entre furtos e brigas - não supreenda.



Com o tema "Homofobia mata - por um estado laico de fato", alguns jornais como a Folha de São Paulo alegaram que participantes do evento desconheciam o significado desse slogan, ainda que estivessem presentes para reforçar orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Trangêneros).

Não se pode dizer ao certo se todos os que estiveram presentes entendiam bem a frase que estampou a frente da maioria dos carros. Ainda assim, a grande maioria dos presentes atingiu um grande propósito comum: mostrar ao mundo que ainda discrimina formas não hegemônicas de vida que a diferença existe. E o número crescente da Parada Gay ano a ano apresenta outra realidade: essa diferença não só existe - resiste.

Confira abaixo algumas fotos de momentos da Parada Gay do último domingo, 25 de maio de 2008.




Gostou das fotos? Quer publicá-las no seu site ou no seu jornal? Entre em contato comigo em clangor@terra.com.br

6 comentários:

Son disse...

Belos "flagras".

Boa sorte com o blog.

:*

Alex P. disse...

Olá

A discussão quanto à existência ou não de teor político nas edições mais recentes da Parada Gay, é pertinente.

Acho que a resposta pode variar conforme a inclinação de quem faz a pergunta. Se tomarmos por "teor político" um questionamento que transcenda a questão da sexualidade (mote principal do evento), mas inserindo-a em uma crítica mais estrutural, seja do ponto de vista social ou econômico, e mesmo o religioso, então ao meu ver não encontraremos teor político mais acentuado. Desse ponto de vista, a "festa" ou o "carnaval" são mais evidentes.

Por outro lado, se tomarmos como "teor político" aquilo que se chama de "luta por reconhecimento" (seguindo a escola de Habermas e Axel Honnet) de um grupo social, em uma determinada sociedade, então o teor político da Parada Gay pode saltar aos olhos.

Se toda luta por reconhecimento de um grupo social, segundo Honnet, inicia-se com o sentimento individual de "desrespeito", que evolui para uma luta de grupo para seu reconhecimento perante o outro, temos sem dúvida um conteúdo político latente em um evento como a Parada, uma vez que esta possibilita, gradualmente, a exposição da opção sexual, a crescente aceitação e a crescente diminuição do sentimento de "desrespeito".

Nos tempos atuais, assim como ocorre com o movimento negro, com os índios, certas tipos de portadores de doenças etc, isso pode ser visto como "praticar política", embora seja uma praxis diferente daquela mais clássica.

Alex P. disse...

Quanto às fotos, gostei, estão bem representativas sobre aquilo que presenciei também.

Com alguma arbitrariedade minha, notei uma certa oposição entre as duas primeiras fotos.

Na primeira, que me parece ter sido tirada em frente a um banco, na Av. Paulista, há o trio sorridente, e me passa a idéia de perfeita convivência entre a manifestação glbtt e a própria existência de um banco.

Já na segunda, há uma faixa renegando o "mercado pink", invocando até mesmo um "socialismo".

Oposição curiosa ! Mas bem arbitrária, confesso.

:-)

Carolina Dargel disse...

Em primeiro lugar, obrigada pelas suas contribuições, Alex!

Quanto a existência do caráter político ou não na Parada, creio ser exatamente isso: a mera existência do evento já consiste num desafio ao modo hegemônico de vida contemporâneo, e esse é o principal objetivo deste blog: trazer um pouco mais do universo dos movimentos anti-hegemônicos, principalmente através da fotografia.

Interessante a sua análise da contaposição das fotografias publicadas. Confesso que não foi uma seqüência conscientemente selescionada, mas talvez inconscientemente. =)

Conto com sua visita futuramente e também com seus comentários enriquecedores das discussões.

Maria Regina disse...

Carolina. Apesar do tom carnavalesco do evento, não podemos negar que lembra ao público em geral a luta pela justiça e igualdade, o que ja é um ganho.
Parabéns pela matéria.

Anônimo disse...

Ola Carol.
Parabéns pelo Blog e pelas fotos...
voltarei mais vezes e com mais calma para acompanhar seu trablho.
Vou te manter informada sobre o projeto fotográfico e eventos, pode deixar...

Abração
André Bueno